SAUDADE DO SABIÁ
Nas horas sombrias da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas simples do mar;
Quando a lua poderosa
Surgindo brejeira e formosa,
Como menina vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
O cantar do beija-flor
Cheio de magoas e de dor,
O sino da catedral
Que ecoa tão solitário
Com este som de rancor
Que enche á alma de dor...
Então a espera e sozinho -
Soltando ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito encerra
Num pranto de espera
Transformando prantos em amor
Lembrança dos amores
Que á vida os levou!
Do tempo que virão outros
Amores á chegar...
Para a saudade findar
Deixando o mais lindo canto
O canto do sabiá!