AVESSO
Quando amo plenamente
Abro portais da alma
Sem medo de me lançar
Todas as cores, ao azul
Arrisco a entrega inteira
sem alçar vôos ou quedas
Vislumbro o céu do avesso
nos olhos descortinados
Vejo verdes, lilases, anis
De noite cor de terra,
Janelas abertas, paraísos...
Coração leve, apaixonado!
Livre dos véus da ilusão
Alça no vazio da existência
Inventa novos jardins
Revive entre nuvens e luzes,
Que a paixão cintila
Ultrapassa limites do meu sentir
Num trânsito eterno...
Tento adivinhar-te
Por entre o cortinado da chuva
Que não para de cair
Neste corredor de memórias
Que tento adivinhar
Por vezes um sabor de solidão
Uma vontade de gritar!
De fugir! De esmagar
a nuvem da interrogação?
Continuo, no entanto
A magoar meu coração!
Que caminha no limite
Da minha solidão...